Plano de cibersegurança: está preparado?
A cibersegurança deixou há muito de ser uma preocupação exclusiva das grandes empresas. Num mundo cada vez mais digital, tornou-se crítica para pequenas e médias empresas (PME).
Segundo a Check Point Research, os ciberataques a PME aumentaram 43% em 2023, expondo a vulnerabilidade de organizações com menos recursos e menor maturidade tecnológica. Esta realidade é ainda mais relevante em Portugal e nos PALOP, onde predominam micro e PME.
Quando o básico falha
Os riscos são reais. O Data Breach Investigations Report 2023 da Verizon concluiu que 80% das violações de dados resultam do uso de credenciais fracas ou roubadas.
A proteção começa com práticas simples: autenticação multifator (MFA), passwords robustas e políticas de acessos baseadas no princípio do menor privilégio — garantindo que cada colaborador só acede ao que realmente necessita.
Outro fator crítico é a atualização contínua dos sistemas. De acordo com a Gartner, cerca de 60% das falhas de segurança poderiam ser evitadas com a aplicação atempada de patches e atualizações de software. No entanto, muitas empresas continuam a operar com sistemas obsoletos e aplicações sem suporte, abrindo as portas a vulnerabilidades conhecidas e exploradas por hackers.
Paralelamente, a ameaça do ransomware (sequestro de dados em troca de resgate), continua a crescer. Segundo a Sophos, 66% das empresas visadas por este tipo de ataque acabam por pagar resgates, sendo que apenas 24% recuperam todos os seus dados. Por isso, é essencial implementar uma estratégia de backups robusta e testada, seguindo a regra 3-2-1: três cópias de segurança, em dois suportes distintos, com pelo menos uma delas armazenada offline. Só assim se garante a continuidade de negócio em caso de ataque ou falha crítica.
O elo mais fraco: o fator humano
O fator humano, por sua vez, continua a ser o elo mais fraco da cadeia de segurança. Segundo o relatório da IBM Security, 95% dos ciberataques começam com e-mails de phishing. A formação contínua é, por isso, imprescindível. As organizações devem promover ações regulares de sensibilização e simulações de ataque, por forma a que os colaboradores saibam reconhecer e responder a ameaças, promovendo uma cultura de segurança interna.
Para empresas com várias instalações ou presença internacional — comum em Portugal e nos PALOP — é vital proteger comunicações e tráfego de dados. Firewalls, VPN seguras e criptografia são práticas obrigatórias, sobretudo quando integradas em soluções ERP que centralizam informação e permitem monitorização em tempo real.
Segurança total: uma falácia
Mesmo acautelando todas as medidas preventivas, nenhum sistema é impenetrável. Ter um plano de resposta a incidentes é fundamental para mitigar danos. Segundo a PwC, empresas que têm planos bem definidos conseguem reduzir até 40% os custos associados à recuperação de um ciberataque. Estas medidas incluem a definição clara de responsabilidades, procedimentos de contenção, comunicação de incidentes e testes regulares ao plano.
Segundo o Fórum Económico Mundial, o cibercrime é hoje um dos maiores riscos para a estabilidade económica global. Para PME em Portugal e nos PALOP, a cibersegurança deve estar no centro da estratégia de gestão e operação.
Mais do que tecnologia, a cibersegurança é um investimento na resiliência e sustentabilidade do seu negócio — e começa com decisões simples e informadas.